A Bolsa Amarela
é um romance da brasileira Lygia Bojunga Nunes. Publicado em 1976, recebeu o
prêmio “O MELHOR PARA A CRIANÇA”, da Fundação Nacional do Livro Infantil e
Juvenil. Lygia também é bastante reconhecida internacionalmente, tendo ganhado a
maior premiação mundial jamais instituída em prol da literatura para crianças e
jovens, criada pelo governo da Suécia, o prêmio ALMA (Astrid Lindgren Memorial
Award).
A Bolsa Amarela
conta a história de Raquel, uma menina que vê suas três maiores vontades sairem
do controle: a vontade de ter nascido menino, para poder fazer tudo que
quisesse; a vontade de ser gente grande, porque criança não é levada a sério e
a vontade de ser escritora. O problema é que toda vez que pensa muito nessas
vontades, elas começam a crescer e a engordar de tal modo que Raquel precisa se
esconder.
Ela, então, resolve escondê-las para não mais criar
confusões e aborrecer sua família. Ao ganhar uma bolsa amarela, Raquel encontra
o esconderijo perfeito para as suas vontades e tudo o mais que for encontrando.
Uma noite, o galo chamado Rei, personagem de uma de suas
histórias, ganha vida. Ele usa a bolsa como esconderijo, pois está fugido de
seus donos e pede abrigo para a menina. Rapidamente, Rei se sente em casa e resolve
mudar seu nome para Afonso e ficará morando na bolsa amarela até achar uma ideia
– a ideia que mudará sua vida.
Nesse meio tempo, a bolsa ganha mais dois moradores: o
galo de briga primo de Afonso, Terrível, que teve o pensamento costurado para
pensar apenas em ganhar e ganhar. E um guarda-chuva fêmea toda quebrada, mas
bonitinha, com sua história enguiçada.
A bolsa se torna extremamente pesada e apesar disso,
Raquel continua a carregá-la para todos os lugares. Os seus moradores e a menina compartilham os
mesmos anseios. Quero dizer, todos estão insatisfeitos com algum aspecto de
suas vidas e desejam achar um modo de superá-los.
É só quando Terrível resolve fugir para lutar sua última
briga, aquela que resolverá sua vida, que as coisas para os moradores da bolsa entram nos eixos.
Raquel vai atrás do galo de briga, mas só encontra os resquícios
da briga e algumas penas de Terrível. Triste com o que poderia ter acontecido
com o amigo, ela escreve um final diferente para ele: imagina que a linha que
prendia seu pensamento havia se soltado e Terrível tornou-se livre de pensamento
e de corpo, indo atrás de seu sonho, de suas vontades.
Emocionado com o destino do primo, Afonso descobre sua
ideia. Ele viajará pelo mundo, impedindo que outros tenham seus pensamentos
costurados. A guarda-chuva resolve, então, ir com ele.
Porém, ela não pode acompanhar Afonso se continuar toda
machucada. Raquel leva-a a uma loja de concertos e lá, ela encontra um ambiente
muito diferente do seu – uma família onde todos têm voz e chances, até uma
criança.
O convívio com essa família faz com que Raquel se desapegue
da vontade de crescer ao descobrir as delícias do mundo infantil. Mais tarde,
ela entende que não precisa ser menino para fazer coisas de menino, como soltar
pipas, e não precisa esconder sua vontade de ser escritora.
Com todos os moradores da bolsa indo embora, ela se torna
leve, assim como Raquel quando deixa de se preocupar com suas vontades.
A primeira vez que li esse livro foi há alguns anos e
reli no domingo, enquanto meus sobrinhos viam Toy Story 3 – pra você ver como é um livro de fácil leitura. Pode
até ser um livro de temática infantil, mas eu amo a sua filosofia.
Eu mesma queria ter tido a vontade de ser escritora bem
cedo. Eu até tive a de ser poetisa, porém, achava que essa vontade podia
esperar. Não lembro se chequei a escrever alguma coisa, provavelmente bem
tosca. A culpa de essa vontade ter ficado bem magrinha foi da Gisele Bündchen. Eu
a vi desfilando na TV e perguntei como se chamava quem desenhava as roupas e
fiquei nessa por um bom tempo.
Até minha vontade ir tomando força e eu não poder mais
ignorá-la. É minha essência. Minha verdade. Eu só preciso vencer o medo. E
comprar uma caneta nankin.
Se eu aprendi alguma coisa com A Bolsa Amarela foi que algumas vontades podem estar erradas. E, de
algum jeito, elas podem até se tornarem certas.
Eu nunca mais vou fugir de mim – assim espero.
Só acho que o fantasma da Cecília Meireles deveria ter
aparecido e dito: “Ou isto ou aquilo. Deixa de ser idiota e vá ser escritora!”.
Ah sim, a aquerela é minha :) desenhei copiando da capa do livro, digitalizei e melhorei a cor.
2 comentários:
Adorei esse post! Adoro esse livro, é inesquecível pra mim! Foi o primeiro que eu li da minha vida toda!
Me marcou muito!
E vc linda sabe falar dessas coisas de modo fantástico, como sempre!
Por isso não fuja de vc garota!
A Cecília ainda tem mto tempo pra gritar no seu ouvido...rs
Bjs
Nossa, eu li isso quando novo. Nem me lembrava mais.
PS: Bom desenho.
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