"Eu não sei o porquê de uma mãe fervorosamente devota a
Deus pôde colocar no filho tal nome...
Ah
sim, esse é o motivo.
Ele
poderia ter sido uma criança normal, um jovem normal. Nós não escolhemos a
família que queremos nascer, não é?
Mas,
para entender sua história, é preciso entender a origem de tudo, sua mãe.
Maria
nasceu numa família comum. Eram da roça e nunca deixariam de ser. Nunca foram à
missa e não acreditavam nessas bobagens. Eram gente simples, trabalhadora e não
tinham tempo para pensar além da sua sobrevivência.
Porém,
a pequena Maria sempre fora meio avoada e duvidosa de tudo.
“Mamãe,
de onde nós viemos?” “Papai, por que o céu é azul?” “Irmão, por que nasceu
aquela árvore?”.
Todos,
sempre ocupados, nunca respondiam satisfatoriamente. “Que perguntas bobas você
tem mania de fazer! Vá brincar ou vá trabalhar!”.
“Ora,
viemos da barriga” respondeu seu tio, depois da cachaça de sempre.
Um dia, um padre viajante
procurou abrigo na casa da família. Maria o encarou por longas duas horas, até
que o achou capacitado para responder suas perguntas. Tomou coragem antes que perdesse a
esperança.
Que respostas ela poderia ter
de um padre? Sim, aquela velha história de Deus, criador de todas as coisas, o
paraíso de Adão e Eva, o pecado, Jesus e a ressureição, a salvação e a morte...
Deslumbrada com todas as
respostas, Maria decidiu que seria devota a esse Deus, O criador e merecia toda
a sua atenção e piedade. E, assim foi; Maria recebeu educação religiosa, contra
a vontade dos pais e paga pelo padre.
Voltava para casa nas férias e tentava, inutilmente,
ensinar aos pais e irmãos a palavra de Deus.
Os
anos foram crescendo e Maria foi passando.
Seu
pai sempre foi contra a devoção de Maria e queria que ela se casasse. Apesar de
querer servir a Deus completamente, Maria não tinha força para opor-se ao pai e
presumiu, depois de muito refletir, que formar uma família também fazia parte
dos planos do Pai.
Destino
ou não, depois de dois meses de casada, Maria perdeu o marido para alguma
doença misteriosa. Estava grávida e,
pela primeira vez em anos, sentiu-se outra vez uma menina sem respostas.
Esse
devia ser seu destino, concluiu. Seu
coração iluminou-se e decidiu que agora sua vida seria seu filho. E o chamaria de Deus. Deus, dono das
respostas.
Assim,
começou a desventura do menino Deus.
Rio de Janeiro,
Colégio Pedro II, 2006"
Encontrei esse conto num caderno esquecido no armário. Escrevi, provavelmente, em 2006, num pedaço de papel A4 reutilizado. E devo ter escrito entre uma aula e outra, também. Mudei algumas coisas para parecer menos idiota.
Acho que eu deveria ser queimada na fogueira por escrever isso. Nunca ouvi nenhuma história de alguém chamado Deus e deve ser considerado heresia. Porém, pesquisando no google achei uma música do Caetano Veloso, algumas igrejas e uma escola chamados de Menino Deus.
Eu penso que, provavelmente, alguém sofreria bullying se fosse nomeado Deus.
Fui ao Arpoador nessa segunda e fiz as seguintes fotos:
Allons-y!
3 comentários:
sua cara de pau que vai do lado minha casa e não me avisa....rum
Amei demais as fotos!
Beijinhos
Ann
http://www.vinteepoucos.com.br/
Seu conto ficou muito legal e original também. Gostei demais. As fotos também ficaram lindas, maravilhoso lugar!
Beijos!
Paloma Viricio- Jornalismo na Alma
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