Se no século dezenove o “mal do
século” eram os ultras-românticos e as metáforas exageradas para
manifestarem suas insatisfações com a realidade. Uma onda de pessimismo doentio
que se traduzia no apego de certos valores decadentes, como o vício e o medo de
amar.
Mas, eu não estou aqui para falar
desses loucos seguidores de Lorde Byron. Vamos falar do mal deste século:
ansiedade e a falta de paciência pras coisas mais banais.
Já reparou que tem sempre alguém
tentando atravessar a rua correndo? Fora ou na faixa. A pessoa dá uma corridinha
e nem olha pro sinal. E, quando ele fecha segundos depois, penso: “idiota!”. A
pessoa da uma corridinha e economiza segundos da vida. Os últimos segundos da
vida dela, talvez, quem sabe.
Na fila do banco: a pessoa atrás
de você cisma em parar milímetros de distância, como se cada metro
percorrido fosse uma vitória. Eu teimo e sempre dou um espaço bem maior entre a
pessoa da frente e eu.
Nas barcas: a embarcação diminui
a velocidade e já começam a levantar. Acho que essas pessoas não sabem que dá tempo
de todo mundo sair antes da barca fazer o caminho inverso. E que tem voltar? Dê umas gargalhadas de si mesmo.
Sem contar o clássico caso da
buzina acionadora de asas, né?
E o trocador do ônibus que
começou a girar a roleta e meu corpo nem estava “dentro”? Como sou muito lerda
antes de almoçar, não emiti nenhum som, mas bem que podia ter machucado meu
quadril.
O que eu digo é, desacelerem!
Olhem para o céu de vez em quando. O relógio é uma invenção humana: domine-o.
Olhei para o céu hoje e vi um
grupo de urubus (ou não eram urubus?) sobrevoando uma parte da Praça XV. Olhei e
vi um avião e em segundos imaginei a vida de cada um ali. E a minha vida indo
embora ali.
Já tentou cozinhar um macarrão?
Parece fácil, mas não é. Se o tira antes do tempo certo da água fervente, ele
fica duro, não cozinha, horrível. É preciso paciência. Eu já cozinhei macarrão
que ficou maravilhoso e outros que comi porque estava com fome. Assim é a vida. Nas coisas banais é que ela se
faz.
Tenho a impressão que outras
pessoas já pensaram sobre isso.
3 comentários:
Opa...muito bom! Realmente as pessoas não em paciência para nada hoje em dia. Essa de atravessar a rua eu tenho maior precaução do mundo...não será por perder uns minutinhos que vou morrer atropelada, espero o tempo que for. Realmente tem cobrador e motorista muito sem educação.
Beijos!
Paloma Viricio- Jornalismo na Alma.
Cecília, excelente seu texto, tanto a forma que foi escrito e o tema abordado.
É verdade, não temos paciência para nada. Eu sou assim também, consequência da minha ansiedade (tudo o que você citou). Porém não é desculpa para sermos egoístas ou transgredirmos a lei.
Esses dias conversando com um professor cheguei a conclusão que a paciência pode ser boa se for aproveitada o caminho percorrido. De resto ela só me irrita hahaha
Super anotado em meu diário seu texto.
Adoro seu blog. E é impressão minha ou você mudou por aqui?
E dessa vez não saio sem deixar meu email hahaha
hassdc@hotmail.com
Beijos, obrigada pela atenção.
Helena - https://hassdc.wordpress.com
Compartilho da mesma reflexão todos os dias, e foi em grande parte por isso que tomei trauma do metrô. Pode-se dizer que lá a ansiedade se faz presente em corpo, alma e espirito? rs
Compartilho também, do mesmo pensamento quando o sinal fecha logo depois. Tipo "ihaaaaaa babacão" hahahahha
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