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fevereiro 01, 2013

Morte Súbita

Esqueça Harry Potter. Esqueça primeiro beijo aos 15 anos. Esqueça relacionamentos felizes e pueris. Dessa vez, J. K. Rowling escreve sobre um outro mundo: real, palpável, adulto. 
Morte Súbida não é nada inocente, como era HP, e talvez eu goste disso muito mais. Os conflitos, aqui, parecem muito mais verdadeiros. 

foto: tumblr.com
A história começa com a morte de Barry Fairbrother. Sua morte súbita afeta a vida dos moradores da pequena Pagford e desenterra velhos segredos. A trama gira em torno de vinte personagens, com histórias entrelaçadas a partir da morte de Fairbrother e o medo de sua memória. 
Fairbrother era um membro muito estimado do conselho distrital de Pagford e a vacância criada com sua morte gera desconfiança e rivalidades; o conselho divide-se em dois grupos: aqueles à favor de Fields e os contra Fields.
O primeiro grupo, liderado pelos amigos do morto, acredita que manter Fields junto a Pagford melhoraria e traria benefícios aos seus moradores, de maioria baixa renda, viciados e criminosos. O segundo grupo acredita que manter Fields mancharia a boa reputação do distrito, de boa moral e ética. 
O grupo que conseguir eleger um representante para o conselho, na certa ganhará essa disputa. Para complicar,  mensagens comprometedoras estão aparecendo no site do conselho, assinadas pelo "o fantasma de Barry Fairbrother", revirando com a vida e confiança dos candidatos à eleição. 
É interessante perceber que nenhum relacionamento é saudável. Cada núcleo têm os mais diversos e comuns dramas: é a esposa infeliz, a esposa submissa, a esposa devota; o marido agressivo, o marido mentalmente desequilibrado, o marido viciado em trabalhar; o filho rebelde, o filho oprimido...
E, se espera ainda uma J. K. Rowling recatada, esqueça também. Há sexo, palavrões e má conduta.
 J. K. rebelde. No entanto, a sua prosa está lá, magicamente escrita pra te fazer dormir tarde e perder a hora na manhã seguinte. 

maio 16, 2012

Mar Morto

                 Nesses últimos três meses eu li três livros. Admito que poderia ter lido mais. Faltava-me tempo e disposição. 
Acabei de perceber que os três livros falam da morte, mas aprofundam-se em temáticas diferentes.  Poe fala do macabro, Amado do medo e Almeida da morte da alma.
O primeiro post será sobre o livro Mar Morto, de Jorge Amado.

                Jorge Amado não precisa de introdução, né?
                O romance Mar Morto, escrito em 1936 por um jovem Amado, ainda no começo da carreira, conta a história de amor de Guma e Lívia. O cenário é o cais da Bahia e para contar o amor dos dois é preciso contar a história dos homens do mar. 
O mar, que ás vezes dá e que ás vezes tira. O mar, reino de Iemanjá.
Iemanjá dos cinco nomes. Iemanjá que seduz os homens do cais e faz ser doce morrer no mar. 

"Assim Iemanjá é mãe e esposa. Ela ama os homens do mar como mãe enquanto eles vivem e sofrem. Mas no dia em que morrem é como se eles fossem seu filho Orungã, cheio de desejos, querendo seu corpo." 

Mar Morto é cheio de lirismo, considerado um poema em prosa e está entre os mais populares de Jorge Amado - foi traduzido para mais de treze idiomas. Foi adaptado para o teatro, rádio e história em quadrinhos. A música É Doce Morrer no Mar, de Dorival Caymmi, foi escrita a partir de um trecho do livro: "Um homem canta ao longe: É doce morrer no mar...".
A história de Guma e Lívia se desenrola na beira do cais. Guma possui um saveiro do qual tira o seu sustento. A vida dos dois não é nada fácil e Lívia vive sempre com o medo de seu marido nunca mais voltar e ficar pelas terras de Aiocá.
A morte, a miséria e os mistérios do mar fazem parte do cotidiano daqueles que vivem no cais. E, repetidamente, o destino desses homens são sempre os mesmos. É disso que Lívia teme; Lívia não foi feita para trabalhar na fábrica ou para se prostituir. Ela teme, assim, o dia que Guma ficará com Iemanjá.
Porém, é desse medo que Lívia suga toda a ânsia de viver. É no medo que ela encontra seu destino, recusando-se a seguir o mesmo caminho das outras que perderam tudo no mar. É  só aí que o milagre tão esperado pela Dona Dulce, professora da escola do cais, acontece. Dona Dulce que havia perdido as esperanças de tanto ver crianças seguirem o caminho do cais, seguirem o destino de Janaína.

"No cais o velho Francisco balança a cabeça. Uma vez, quando fez o que nenhum mestre de saveiro faria, ele viu Iemanjá, a dona do mar. E não é ela quem vai agora de pé no Paquete Voador? Não é ela? É ela, sim. É Iemanjá quem vai ali. E o velho Francisco grita para os outros no cais: Vejam! Vejam! É Janaína.
Olharam e viram. Dona Dulce olhou também da janela da escola. Viu uma mulher forte que lutava. A luta era seu milagre. Começava a se realizar. No cais os marítimos viram Iemanjá, a dos cinco nomes. O velho Francisco gritava, era a segunda vez que ele a via.
Assim contam na beira do cais."

Mais do que uma história triste, como o destino dos personagens, é uma história de superação; de encontrar seu eu no meio do caos.
Lembro-me de ter tido uma sensação de calmaria e de alegria ao terminar de ler. Não de alegria, mais de êxtase - de ser arrebatada da lucidez por uns segundos. Eu me senti bem.
Concordo com o final. Não haveria melhor.

Música no repeat!

dezembro 05, 2011

Uma aprendizagem e outras histórias


Já tem um tempo que não escrevo pensamentos aleatórios por aqui.
Eu estava lendo Clarice, Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, e toda noite ia dormir um pouco mais deprimida e um pouco mais esclarecida.
Lóri vive através da dor e agora tenta se libertar para se entregar ao amor de Ulisses. O livro inteiro é esse vou-não-vou filosófico.  

“uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi.  E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.”

Algumas noites atrás, eu sonhei mais de uma vez com um sonho/realidade em que você acorda em dúvida. Eu sonhei que ia pra casa sem roupa. Como se fosse a coisa mais normal do mundo... Só que depois eu percebi que esse sonho vinha de uma lembrança ativada enquanto estava inconsciente. Depois de muito pensar, eu descobri.
Teve um dia na educação física, no ano passado, que estava absurdamente quente. Então, revolvi ir para casa sem sutiã. Assim eu me lembro.
Acontece que isso me lembrou outra coisa. Quando eu era mais nova eu costumava ir para o colégio sem sutiã. E meio que já era tempo de eu usar um. Eu era ingênua; até eu escutar um menino dizer que preferia meus seios ao invés de os maiores seios da turma. Aí, eu fiquei com vergonha.  A minha blusa ainda era meio transparente... Ainda tenho que sonhar e me constranger ainda mais ¬¬
 Clarice começou seu livro com uma vírgula e terminou com dois pontos. Foi como se Lóri e Ulisses existissem antes e continuassem a existir. Lóri finalmente consegue sentir prazer e encontrar a si mesmo. Apesar de.
 Eu tenho uma tendência a sentir pena das pessoas alheias, criando histórias de dor para elas a fim de justificá-las. A última vez foi quando eu achei que o homem, que escutava música gospel numa pequena caixa de som no metrô, passava por períodos difíceis. Tive essa sensação porque ele cantava junto e quando minha mãe e irmã reclamaram em voz alta, ele se debruçou sobre a caixinha de som, abafando o som. Mas talvez seja apenas pela temática da música.  
Eu já fiz isso outra vez no passado. Não vou contar.
Pena. O que no mundo me dá esse direito? Decerto que estou melancólica esses dias.
Minha professora de Filosofia disse que não basta apenas querer escrever alguma coisa. O texto tem que vir até você – quase uma possessão.  Tão verdade. Estou escrevendo um conto, mas as palavras pararam de vir e no lugar vieram estas.
Eu acho que este texto já não me possui mais. 

novembro 23, 2011

A Bolsa Amarela



A Bolsa Amarela é um romance da brasileira Lygia Bojunga Nunes. Publicado em 1976, recebeu o prêmio “O MELHOR PARA A CRIANÇA”, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Lygia também é bastante reconhecida internacionalmente, tendo ganhado a maior premiação mundial jamais instituída em prol da literatura para crianças e jovens, criada pelo governo da Suécia, o prêmio ALMA (Astrid Lindgren Memorial Award).
A Bolsa Amarela conta a história de Raquel, uma menina que vê suas três maiores vontades sairem do controle: a vontade de ter nascido menino, para poder fazer tudo que quisesse; a vontade de ser gente grande, porque criança não é levada a sério e a vontade de ser escritora. O problema é que toda vez que pensa muito nessas vontades, elas começam a crescer e a engordar de tal modo que Raquel precisa se esconder.
Ela, então, resolve escondê-las para não mais criar confusões e aborrecer sua família. Ao ganhar uma bolsa amarela, Raquel encontra o esconderijo perfeito para as suas vontades e tudo o mais que for encontrando.
Uma noite, o galo chamado Rei, personagem de uma de suas histórias, ganha vida. Ele usa a bolsa como esconderijo, pois está fugido de seus donos e pede abrigo para a menina. Rapidamente, Rei se sente em casa e resolve mudar seu nome para Afonso e ficará morando na bolsa amarela até achar uma ideia – a ideia que mudará sua vida.
Nesse meio tempo, a bolsa ganha mais dois moradores: o galo de briga primo de Afonso, Terrível, que teve o pensamento costurado para pensar apenas em ganhar e ganhar. E um guarda-chuva fêmea toda quebrada, mas bonitinha, com sua história enguiçada.
A bolsa se torna extremamente pesada e apesar disso, Raquel continua a carregá-la para todos os lugares.  Os seus moradores e a menina compartilham os mesmos anseios. Quero dizer, todos estão insatisfeitos com algum aspecto de suas vidas e desejam achar um modo de superá-los.
É só quando Terrível resolve fugir para lutar sua última briga, aquela que resolverá sua vida, que as coisas para os moradores da bolsa entram nos eixos.
Raquel vai atrás do galo de briga, mas só encontra os resquícios da briga e algumas penas de Terrível. Triste com o que poderia ter acontecido com o amigo, ela escreve um final diferente para ele: imagina que a linha que prendia seu pensamento havia se soltado e Terrível tornou-se livre de pensamento e de corpo, indo atrás de seu sonho, de suas vontades.
Emocionado com o destino do primo, Afonso descobre sua ideia. Ele viajará pelo mundo, impedindo que outros tenham seus pensamentos costurados. A guarda-chuva resolve, então, ir com ele.
Porém, ela não pode acompanhar Afonso se continuar toda machucada. Raquel leva-a a uma loja de concertos e lá, ela encontra um ambiente muito diferente do seu – uma família onde todos têm voz e chances, até uma criança.
O convívio com essa família faz com que Raquel se desapegue da vontade de crescer ao descobrir as delícias do mundo infantil. Mais tarde, ela entende que não precisa ser menino para fazer coisas de menino, como soltar pipas, e não precisa esconder sua vontade de ser escritora.
Com todos os moradores da bolsa indo embora, ela se torna leve, assim como Raquel quando deixa de se preocupar com suas vontades. 
A primeira vez que li esse livro foi há alguns anos e reli no domingo, enquanto meus sobrinhos viam Toy Story 3 – pra você ver como é um livro de fácil leitura. Pode até ser um livro de temática infantil, mas eu amo a sua filosofia.
Eu mesma queria ter tido a vontade de ser escritora bem cedo. Eu até tive a de ser poetisa, porém, achava que essa vontade podia esperar. Não lembro se chequei a escrever alguma coisa, provavelmente bem tosca. A culpa de essa vontade ter ficado bem magrinha foi da Gisele Bündchen. Eu a vi desfilando na TV e perguntei como se chamava quem desenhava as roupas e fiquei nessa por um bom tempo.
Até minha vontade ir tomando força e eu não poder mais ignorá-la. É minha essência. Minha verdade. Eu só preciso vencer o medo. E comprar uma caneta nankin.
Se eu aprendi alguma coisa com A Bolsa Amarela foi que algumas vontades podem estar erradas. E, de algum jeito, elas podem até se tornarem certas.
Eu nunca mais vou fugir de mim – assim espero.
Só acho que o fantasma da Cecília Meireles deveria ter aparecido e dito: “Ou isto ou aquilo. Deixa de ser idiota e vá ser escritora!”. 

Ah sim, a aquerela é minha :) desenhei copiando da capa do livro, digitalizei e melhorei a cor. 

outubro 08, 2011

The Wonderful Wizard Of Oz

"Totó, acho que não estamos mais no Kansas!"


The Wonderful Wizard of Oz é um conto infantil escrito por L. Frank Baum em 1900.
Após um tornado em Kansas, Dorothy e seu cão Totó são levados para uma terra distante chamada Oz. Lá ela se junta com o Espantalho que queria um cérebro, com o Homem de Lata que busca um coração e com um Leão covarde que procura coragem. Eles partem seguindo o caminho de tijolos amarelos a fim de encontrar o mágico de Oz que concederia seus desejos, inclusive levar Dorothy para casa. Muitas aventuras e personagens ilustram a passagem de Dorothy por Oz, fazendo do livro um enorme clássico da literatura juvenil.
O primeiro livro sobre Oz fez tanto sucesso que Baum escreveu uma verdadeira coletânea sobre a terra mágica.
Eu comprei o livro no submarino e ainda não comecei a ler. Vou falar do livro aqui, mas não vou poder dar uma opinião mais pessoal sobre ele. Eu podia esperar para postar, só que estou muito entusiasmada com minha primeira compra pela internet *palmas*
A minha edição faz parte da coleção Eternamente Clássicos, um selo Barba Negra, da editora Leya. Eles têm um projeto chamado “web book, um livro não termina quando acaba” (editorabarbanegra.com.br), da onde tirei a maioria das informações abaixo. O próximo clássico a ser lançado será o A lenda do cavalheiro sem cabeça – que eu vou adquirir, of course.  
L. Frank Baum afirma que O Mágico de Oz é um conto de fadas moderno, bem diferente do que vinha sendo escrito desde então; não é uma história igual aos antigos contos de fadas, cheios de personagens estereotipados, “junto com todo aquele derramamento de sangue criado por seus autores para demonstrar uma terrível moral em cada história.” Ou você ainda acha que as versões da Disney são as verdadeiras?
Nessa história, o deslumbramento e a alegria são garantidos, e o sofrimento e os pesadelos deixados de lado.  
Dorothy Gale, Espantalho, Homem de Lata, Leão Covarde e os demais personagens surgiram de histórias que Baum inventava para seus filhos antes de dormir. Elas faziam tanto sucesso que acabou atraindo os amigos dos filhos. Baum, então, resolveu escrever sobre Oz e seus habitantes.
A adaptação mais conhecida da obra é o filme de Victor Fleming de 1939. Estrelado por Judy Garland – depois de a Fox negar Shirley Temple para a MGM –, tornou-se um marco para o cinema mundial, eleito um dos cinco melhores musicais e o melhor filme fantasia de todos os tempos.
Ganhou dois Oscars: de melhor canção com Over the Rainbow e de melhor trilha Original. E o prêmio de Melhor Performance Juvenil para Garland. 



Margareth Hamilton, em seu duplo papel de Senhorita Gulch – a mulher rica e malvada que quer sacrificar Totó – e de Bruxá Má do Oeste, criou uma das vilãs mais assustadoras da história, quarto lugar na lista do American Film Institute.
O Mágico de Oz me fez lembrar Alice no País das Maravilhas: possuem a mesma apelação para o imaginário, onde animais e seres inanimados ganham vida. As duas obras também podem ser interpretadas, pelos caretas (ou adultos que se esqueceram o que é ser criança), como sonhos.
Há também uma adaptação mais recente, de 1977, que traz Michael Jackson como Espantalho e Diana Ross como Dorothy. Nesse filme a história é transportada para o contexto da cultura afro-americana e para a cidade grande, bem diferente de Oz, mas não menos fantasiosa. 
Minha mãe me fez baixar esse filme. Sério, Michael Jackson tem uma voz irritante.
Mais para o lado científico existe uma adaptação chamada Tin Man – A Nova Geração de Oz (2007 – EUA); uma minissérie com doses de fantasias, mostrando uma Oz mais dark. E, com ninguém menos que a linda Zooey Deschanel! Já estou baixando *-*
Minhas expectativas para o livro são enormes. E, minha vontade de ter um insight e inventar um mundo novo só aumenta! Esses escritores são tão sortudos... inveja.

update: eu ia finalmente começar a ler, mas minha mãe roubou o livro de mim mimimi :(